JÔNATAS CONCEIÇÃO MORREU. Bahia perde intelectual do movimento negro

transcrição de trechos de artigo do jornal a tarde

"CLEIDIANA RAMOS
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O poeta, escritor e um dos mais importantes intelectuais do movimento negro brasileiro, Jônatas Conceição, 56 anos, foi sepultado, ontem, às 16h30 no Jardim da Saudade. Ele atuou em várias frentes na luta contra o racismo e pela valorização da identidade e culturas negras: movimento social, literatura, Carnaval e academia.

Jônatas morreu na manhã de ontem, no Hospital da Cidade, na Caixa D‘Ágia de por conta de um câncer digestivo. “Jônatas era um poeta profundamente ligado às suas raízes em Saubara. Eu sempre disse que ele vivia ‘saubariando’ a vida”, disse, emocionado, o poeta José Carlos Limeira, um dos grandes amigos de Jônatas e companheiro nas letras.

Jônatas foi um dos militantes pioneiros do Movimento Negro Unificado (MNU) e era diretor do bloco afro Ilê Aiyê, onde coordenava o Projeto de Extensão Pedagógica, que inclui a elaboração dos cadernos educativos.

Foi professor da Universidade do Estado da Bahia (Uneb) e desenvolveu sua pesquisa de mestrado sobre a poesia dos quilombos, intitulada Vozes quilombolas – Uma poética brasileira, publicada em 2005. Cinco anos antes, havia publicado, em companhia de Lindinalva Barbosa, a antologia Quilombo de palavras A literatura dos afro-descendentes, dentre outras várias “Era um guerreiro incansável na sua aparente quietude. Acho que Jônatas era como a própria água, um elemento ao qual ele era muito ligado. Ele ia operando transformações profundas de uma maneira na maioria das vezes silenciosa”, destaca o também poeta e grande amigo de Jônatas, Landê Onawale. A literatura foi o principal veículo do vigor político e guerreiro de Jônatas, dono de uma personalidade introspectiva.

“Jônatas tinha aquele jeito tímido, calado introspectivo, mas transpirava o amor por suas raízes, pelos orixás e pelo Ilê Aiyê”, completa Limeira."

Que Babá Olokotum leva ele pra bom lugar!

Antonio do Carmo