sexta-feira, 6 de março de 2009

COLLOR E MERCADANTE: COMPLICAÇÕES DA POLITICA NACIONAL 2

CONTINUANDO, PUBLICO A ENTREVISTA DE MERCADANTE. QUEM LER SOBRE POLITICA, NÃO PODE DEIXAR DE LER AS DUAS ENTREVISTAS.

ENTREVISTA DE MERCADANTE A JOSIAS DE SOUZA:

Apoio de Múcio a Collor gerou ‘perplexidade’ no PT

Aloizio Mercadante (SP), líder do PT, recolheu duas impressões da derrota que Fernando Collor (PTB-AL) impôs ao seu partido, na comissão de Infraestrutura.


A primeira causou-lhe espanto: “O que gerou mais perplexidade na nossa bancada foi o ministro da articulação política sair comemorando”.

Acha que José Múcio, filiado ao PTB de Collor, comemorou “uma divisão da nossa base que, evidentemente, traz dificuldades para o governo”.

A segunda percepção
de Mercadante é de natureza historiográfica. Ele esmiuçou o seu raciocínio em entrevista ao blog. Leia abaixo:


- A que atribui a derrota na comissão de Infraestrutura?

A foto daquela sessão é a mesma foto de 20 anos atrás [Em 89, na sucessão de Sarney, Collor pevaleceu sobre Lula]. De 1989 para 2009, muita coisa mudou. Mas a diferença de princípios e de cultura política sobrevive, é a mesma.

- Como assim?

A cena de hoje reproduz 89. Estiveram juntos na sessão, de novo, o Renan Calheiros e o Collor, reforçados pelo PFL, que só mudou de nome. E nós, do PT, tivemos o apoio do PDT e o suporte majoritário do PSDB à indicação da senadora Ideli [Salvatti]. O mesmo PDT que nos apoiou em 89, liderado por Leonel Brizola. E o mesmo PSDB que, em 89, também nos apoiou no segundo turno, sob a liderança de Mario Covas.

- Mas os adversários de ontem não são os aliados de hoje?

É a isso que me refiro quando digo que muita coisa mudou, mas nem tudo. Hoje, o PMDB [de Renan] e o PTB [de Collor] fazem parte da sustentação ao governo Lula. Mas, na sessão da comissão de Infraestrutura, vieram à tona as diferenças de cultura política. Diferenças profundas, construídas ao longo da história.

- Isso não realça ainda mais a natureza esdrúxula dessa aliança de ‘diferentes’?

Somos obrigados a construir alianças, a manter uma coalizão que dê suporte ao governo Lula. Em todos esses anos, foi muito importante a nossa relação com o PMDB. Mas é interessante notar que, em certos momentos, emerge uma linha divisória que é antiga e relevante. E o PSDB, que faz ao nosso governo uma oposição dura, como nós fizemos ao governo deles, consegue captar a importância desses momentos.

- Está insinuando uma nova parceria?

O PSDB, eu insisto, é um partido que faz oposição dura ao nosso governo. Mas existem esses instantes da vida pública que nos aproximam. PT e PSDB não estarão juntos. Temos um papel fundamental na preservação da alternância do poder, que dá previsibilidade ao processo democrático e à governabilidade do país. A disputa das últimas quatro eleições presidenciais se deu entre esses dois partidos. E vai continuar assim. Nós temos dificuldades no governo que eles também tiveram. Dificuldades com as quais nós e eles talvez tenhamos de lidar mais à frente. Essa percepção nos aproxima.

- A fidelidade a Lula não descaracteriza o PT?

Não. Nessa disputa da comissão de Infraestrutura, por exemplo, ficou claro que a nossa identidade está presente. A sociedade nos distingue.

- Não é constrangedor que, depois de ter tido o mandato salvo com a ajuda do PT, Renan invista contra o partido?

Politicamente, isso apenas deixa mais evidente o nosso desafio e o nosso compromisso com a governabilidade. Na vida há problemas que a gente tem que resolver e há fatos com os quais a gente tem de conviver. O Senado é esse que aqui está. Temos de governar sob essas condições históricas. É essa a correlação de forças real. O voto é do povo. O povo é que determina a composição do Congresso. Cabe a nós construir uma governança em torno dessas forças que estão aqui. Objetivamente, o PSDB não nos dá sustentação para a governabilidade. Eles estão voltados para um projeto de disputa. Quem nos proporciona a governabilidade é, fundamentalmetne, o PMDB.

- Vê algum significado prático no gesto do PSDB?

Isso nos mostra que há espaço para uma interlocução em outro patamar em relação a algumas questões. Fomos leais ao PSDB na questão da proporcionalidade, um valor fundamental no Parlamento. Se nós tivéssemos cedido na comissão de Relações Exteriores, o presidente não seria o Eduardo Azeredo [PSDB-MG], mas o Collor, com o nosso apoio. Nós dissemos: ‘Manteremos o direito da bancada do PSDB. E eles sustentaram a mesma posição, majoritariamente, na votação da Infraestrutura.

- Não lamenta a falta de um gesto do Planalto em favor de Ideli?

O que gerou mais perplexidade na nossa bancada foi o ministro da articulação política [José Múcio, do PTB] sair comemorando uma divisão da nossa base que, evidentemente, traz dificuldades para o governo.


Escrito por Josias de Souza

Antonio do Carmo

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