terça-feira, 31 de março de 2009

31 de Março de 1964. (01)

As gerações atuais não podem esquecer esta data porque não existe nada mais importante na vida do homem do que a liberdade.

A luta de toda uma geração para trazer de volta a liberdade tirada pelo golpe militar, que só trouxe tristeza, dor e infelicidade a Nação.

Liberdade que permite hoje eu poder fazer um artigo opinando que o Presidente deve demitir o Ministro da Justiça, não tem preço. A não ser o preço do acreditar no valor que tem a liberdade.

Para aqueles que lutaram pela liberdade não tem como falar do período sem sentir uma forte carga de emoção. E sem deixar de sentir a vontade de pedir a todos que nunca deixem de prezar por este valor, base de tudo na vida que é a liberdade.

Eu hoje tenho 54 anos. Não sou de nenhum partido e não quero mais ser de nenhum. Fui do PCdoB durante 18 anos da minha vida e juventude. Tenho o maior orgulho do meu passado. Não me arrependo um dia si quer da minha vida bela que tive.
Agora eu fico fazendo esse blog e não posso deixar de falar um pouco sobre isso.

Não tenho como não falar do velho saudoso Washington, contando como ele resistiu na praça Castro Alves, com uma turma queimando exemplares do Jornal A Tarde. Washington, que anos depois, voltou para Salvador e ainda na ditadura, fez as incansáveis lutas no Sindicato da Construção Civil, para tirar o pelego Veloso, no Sindicato desde 1964, até que conseguiu.

A cidade nunca vai esquecer das primeiras passeatas de peão, em plena avenida sete, sem UM ATO DE VANDALISMO!, Reconstruindo um dos mais fortes sindicatos da cidade até hoje.

Como não falar de Silvoney Sales. Sim! Esse mesmo que foi vereador até pouco tempo!

No movimento estudantil de 1967/1968, Silvoney era líder estudantil do Duque de Caxias. Eu estudava no Carneiro Ribeiro Filho, na ladeira da soledade.
Ah! Quando Silvoney vinha puxando uma passeata imensa! Da liberdade e parava na porta do colégio, todo mundo descia e seguia para a Piedade e engrossava as passeatas dos Universitários descendo a Avenida Sete. Pela Lei de Diretrizes e Bases! Abaixo o acordo MEC-USAID!

E o terror quando baixava a repressão com as bombas de gás lacrimogêneo?


Hoje eu vou escrever um montão, sem me preocupar com forma, sem me preocupar com tamanho, vou tentar botar minha memória pra fora.

Nunca me esqueço do ano de 1971, quando eu fui ao MOSTEIRO DE SÃO BENTO, procurar alguma coisa, sem saber direito o que e fui recebido por um monge que me deu uma brochura, tipo um livrinho pequeno escrito: “EU OUVI OS CLAMORES DO MEU POVO”, eu li aquilo e tinha vontade de participar de alguma coisa ali, do coral, mas tinha vergonha, menino da Lapinha, pobre, envergonhado nos meios.

Entrei na UFBA em 1972, na escola de Economia, fazendo Ciências Contábeis. Ai conheci uma figura, meu eterno amigo do coração, chamado: Jose Reinaldo dos Santos Carvalho Filho. Uma figura. Ficava sentado na cantina com um estadão debaixo do braço (foi quem me ensinou, que guardo até hoje que o editorial do estadão é onde você vê, no atual a melhor analise de conjuntura e o que é que as classes dominantes estão pensando....)

Pois, Ele ficava me recrutando para o PCdoB e eu ficava recrutando ele para o espiritismo (na época eu era espírita e do candomblé..)

Pra você ver o que era a ditadura, somente um ano depois de amizade foi que ele me passou um exemplar mimeografado da Classe Operaria e me deu as coordenadas para ouvir a “Radio Tirana”, radio da Albânia que falava da luta contra a ditadura inclusive da luta armada.

Aos poucos foi falando da luta armada no Araguaia, teve uma época que recolhi remédios para mandar pra lá e comecei a datilografar com ele o jornal a Classe Operaria, em maquina de datilografia, rodava em mimeografo lá em casa. Era uma agonia para distribuir.

Em 1975 ele oficializou no inicio do ano que eu era do PCdoB.

(CONTINUA)


Antonio do Carmo

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